sexta-feira, março 12, 2010

Momentos Mágicos...


Partiram todas unidas, correndo como crianças em direção ao mar. Correram para a água e logo começaram a nadar. Não eram crianças, eram senhoras; senhoras que [imagino] ainda preparam o café da manhã para os filhos antes de irem à praia praticar alguns exercícios numa bela manhã de sol como a de hoje.

Nem todas deslizam sobre o mar com a mesma eficiência - algumas são bem mais lentas - mas, vendo-as isoladamente, cada uma parece carregar consigo a braçada segura dos que vivem bem. A água gelada para variar, mas elas prosseguem resolutas. Saem do mar aos poucos e caminham pela areia. Entre respirações mais intensas, elas discretamente exibem um sorriso de satisfação, como se uma dura etapa da vida tivesse sido superada.

Um grande grupo se reuniu à beira da água. Enlaçaram seus braços e formaram um grande círculo, como se fizessem uma oração. Suponho que tenha sido uma oração pela vida, e por aqueles momentos em que os problemas se diluíram no solvente universal. Agora, caminham pela praia, retornando ao ponto de partida. Conversam, riem, compartilham um momento simples e intenso. Várias histórias que se juntaram para viver nesta manhã uma história comum.

Me encantei e continuei observando por muito tempo, até elas se afastarem. Por inúmeros motivos esqueci do tempo, e me fixei naquelas senhoras... A praia me dá uma energia que não sei explicar!

Em vez de confinar-se às supostas limitações da idade, cada senhorinha preferiu aventurar-se ao ar livre. Na mansidão da praia e na liberdade das ondas é que elas satisfazem seus apetites pela pulsação mais vigorosa dos seus jovens corações. Provavelmente, nesse encontro com a natureza, elas se encontrem consigo mesmas. Acho que qualquer um se encontraria também. Com o olhar descansando no horizonte, o pensamento também vai se alongando, se prolongando, e a imensidão vai minimizando os pequenos problemas que nos afligem indevida e cotidianamente.

Eu, preguiçosa, tento praticar meus exercícios com certa constância, e sempre que possível, também procuro fazê-lo sobre o céu azul, com o horizonte a perder de vista e o ar livre. Não sei se chegarei aos 80 anos vestindo maiô e toquinha nos cabelos, mas também pretendo cuidar bem da menina que tem aqui dentro. Entre caminhadas na esteira, o spinning e a natação, confesso que nadar é o que me dá mais prazer. Gosto de estar na água, de sentir-me sem peso, do misterioso som das braçadas e da respiração ritmada.

E por fim, gosto dos efeitos colaterais de ficar bronzeadérrima, de mergulhar sem hora para sair da água, de comer aquele biscoitinho polvilho de sal e ler meu livro sem ninguém perturbando - deitada na minha canga... Fica a dica! Aproveitem, porque vale muito à pena!

Um comentário:

Multiplicidade e Qualquer Coisa disse...

Gosto da forma que se expressa. As vezes paro em meio ao mundo corrido e agitado e fico a observar as coisas simples que algumas vezes ninguém vê. Adorei seu texto e agora sou tb um seguidor. Até
Eliakim Abner