quinta-feira, junho 10, 2010

Servidos?

Final da semana chegando, comemorações, datas especiais [e comerciais], o friozinho pedindo colo com chocolate quente, mas nada disso importa se não estivermos felizes. Permitam-se a felicidade! Deixem que ela entre quando baterem na sua porta !! Vamos falar de relacionamentos?

Para mim, relacionamentos estão para o coração assim como refeições para o estômago.

Posso falar aqui de casamentos nouvelle cuisine, namoros fusion, uniões rabada (ou seria roubada?), encontros strogonoff e tantos outros. E não só o campo dos amantes remete à gastronomia. Temos amizades que também se identificam com pratos saborosos ou pratos indigestos, de acordo com o prazer proporcionado pela companhia alheia.

Se queremos amores românticos e perfumados à luz de velas, queremos, portanto, culinária francesa: tudo preparado com cuidado, dispensando atenção para os mínimos detalhes, impressionando o maior número de sentidos: tato, olfato, visão, paladar. Sabor, apresentação e textura impecáveis. Glamour.

Alguns querem amores modernos, com um mix de romantismo, daqueles que tem um larga do meu pé de vez em quando. Nos restaurantes da cidade também encontramos opções assim: ingredientes pinçados de um sem número de culturas e mesclados num mesmo caldeirão. Dá-lhe mexer... Um mexidão cultural. Um amor mexidão. Mexe daqui, mexe dali, até ficar azeitado, com todos os ingredientes funcionando em sintonia satisfatória.

Não poderia deixar de lembrar, é claro, dos itens neutros na cozinha e na cama. Pratos e amores nudes, beges: simplinhos, satisfazem, mas estão longe de causar algum tipo de frisson dentro da gente. Não causam aquelas borboletas na barriga que fazem toda a diferença. Seria, talvez, como o miojo, o strogonoff de frango, o feijãozinho sobre o arroz soltinho. Não são uma delícia? Claro que sim. Mas também pode ser que um dos comensais queira experimentar algo mais diferente, picante, fora do habitual ou mais elaborado de quando em vez, deixando o miojinho abandonado. Coisas da vida. Vida que nos oferece opções para todos os gostos e paladares.

Ah o paladar... Quando este sentido tão caro nos foge, a situação fica capenga. Para o estômago, para o coração, para a paciência. Você pede pato ao molho de frutas silvestres, não lasanha. Ainda assim, lá está você: saboreando uma lasanha básica na falta do seu canard aux fruits. Fome? Ansiedade? Desespero? Será que seu coração - e o seu estômago - não poderiam esperar o prato certo? Resposta: nem sempre.

Nossos órgãos às vezes nos pregam peças, induzindo-nos a experimentar pratos, pessoas e sensações que não estavam no roteiro - e só nos damos conta quando sentimos aquele mal-estar típico que segue a orgia alimentar. Sal de frutas? Sim, uma dose por favor, mas só por hoje.

Amanhã o remédio será outro e o nome dele: sabedoria.

2 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Achei de um bom gosto esse texto... fantástico.
Acredito na sabedoria, na sabedoria que o tempo e a experiência nos levam a encontrar.

lindo demais o texto!
bjs

Labelle® Paz disse...

Na sabedoria para distinguirmos logo de cara o que serve e o que não serve para o momento que estamos vivendo, não é mesmo, Marcinha? Obrigada!