Uma noite dessas, ela se sentou na beirada do mar e começou a desenhar... Nem pensou na violência que persiste na cidade em que mora, nem no perigo de ficar ali sozinha, desenhando na areia da praia.
Desenhou bolinhas, flores, bichinhos, tudo o que ela sabia... Escreveu seu nome e algumas frases que ela mais gostava... Ficou olhando as ondas batendo nos desenhos, a maré subir e o mar apagar tudo...
Grudou a mão na areia e deixou sua marca... depois a marca do seu pé. Catou conchas, sentou na areia molhada e olhou o horizonte. Sentiu a velha e boa nostalgia em doses homeopáticas que ela sempre sentiu quando olhava para o mar. Olhou para o céu, procurou a lua, pensou no apelido que lhe foi dado, que combinava com o mar e a lua, coincidentemente.
Depois, muito tempo depois, no quarto de algum lugar ela entendeu que seria sempre uma criança grande... Já tinham lhe avisado isso milhões de vezes. Ela relutava, apesar de aceitar que era a mais pura verdade.
E tinha medo de um dia envelhecer. Mas naquele momento, naquele quarto, lembrando de procurar a lua no céu, ela percebeu que jamais irá crescer.
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