As mulheres bonitas não podem ser inteligentes. As inteligentes jamais podem ser consideradas bonitas. Por um momento eu jurava que isso não existia e era coisa de alguma cabeça torta e invejosa, mas constatei que ainda pensam assim e me surpreendi, para variar. O assunto apareceu na reuniãozinha semanal do mesmo grupo que se reúne todas as semanas e que normalmente gera boas discussões. Ah, disso não tenho dúvidas. Que rendeu uma boa discussão, ah sim, rendeu mesmo!
Mulher inteligente provavelmente é a feia, que usa óculos fundo de garrafa, aparelho nos dentes, é gorda demais ou magra demais e cheira esquisito. Sabe aquela menina que se cuida, usa o melhor perfume, acorda mais cedo para cuidar dos cabelos e do corpo, cuida da sua pele, está sempre impecável, tem os olhos mais lindos que os seus já viram, uma pele de bebê, um corpo escultural e um rosto de deusa grega? Oh não, ela não pode ser inteligente! Provavelmente só está ali, ocupando um cargo importantíssimo, porque dorme com o chefe. Sim, isso é o que a maioria deve pensar. Não, a maioria não está certa. Ainda bem.
Há muito tempo que beleza e inteligência estão em conflito, parecem não se misturar, como água e óleo, como álcool e gasolina. Quando você vê uma modelo fazendo sucesso nas passarelas, ou uma atriz belíssima que começa a se destacar na novela ou no filme em cartaz, logo pensa: "Hum… Como esse menina chegou aí se não consegue formar uma frase?". Isso é normal, estamos acostumados com tal divergência. Mas não deveríamos estar. Quanto preconceito! Quanta burrice!
Ser bonita e inteligente simultâneamente, num mundo tão preconceituoso é difícil. Você precisa provar o tempo todo o que é ou o que não é, as pessoas fazem questão de te testar, como se você estivesse usando uma máscara que pudesse cair a qualquer instante. É isso mesmo, infelizmente… Mulher bonita não pode ser inteligente. Mulher bonita só serve para rebolar em show de música baiana, apresentar programa pop de tevê ou engravidar de algum jogador de futebol.
Salvo raras exceções, é hora de mostrar que essas duas qualidades podem sim ser atribuídas a uma mesma pessoa. Chega dessa coisa de que todo branco é honesto, todo negro é pobre, todo favelado é ladrão, todo paulista é sério, todo carioca desocupado e toda mulher bonita é burra.
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