Mais um dia de licença médica, e eu continuo perdida perdida entre pensamentos e a indignação comigo mesma, por não ter realizado aquilo que planejei. Mais uma vez um algo aconteceu e a vida me assustou. Me senti indefesa, como uma criança que se perde na multidão - senta em um canto qualquer e chora, assim, desesperadamente. Mais uma vez tive que exorcizar meus fantasmas, aqueles com os quais quase me acostumei, justamente por estarem dentro de mim nos últimos anos. Mas eles sempre voltam e, mais uma vez, ele voltaram.
O mundo quer me abraçar, me dar colo, e eu fujo. É uma fuga injusta, tanto para quem precisa da proteção quanto para quem quer proteger. Eu sou injusta, sempre fui, não irei mudar. Eu sei, eu sinto. Parece que está tudo predestinado quando, na verdade, não está. Apenas é mais fácil pensar assim, aceitar que "tudo está escrito" e eu não tenho uma borracha por perto… Também não quero procurar, isso me cansaria. Não quero me cansar. Como um clichè, tenho me cansado demais.
Enquanto lá fora tudo acontece, aqui dentro nada de novidade. Só os fantasmas, indo e vindo, como as ondas de um mar revolto em pleno Outono. Fora isso, tudo na mesmíssima coisa.
Amanhã estarei de ressaca sem ter me embriagado - o que é ainda pior. Pudera eu me afogar naquele mesmo mar, permanecer submersa e inconsciente. Não dá. Sou consciente até demais. E sempre haverá alguém disposto a me salvar… Só que eu não quero ser salva. Me deixem assim, nem lá nem cá, nem longe nem perto. Porque, mais uma vez, chegou a noite e eu vou dormir.
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