quarta-feira, maio 09, 2007

Guardados e Mofados...

Algumas coisas na vida não temos como evitar. Você pode fingir que não acontece, pode tentar se sabotar e mentir pra si mesmo, pode sair assobiando e andando por aí. Pode ignorar solenemente, dar as costas pros problemas, forçar sorrisos amarelos, mas um problema que se preze, daqueles que não se resolvem sem dedicação, não se abate diante de fugas ou atitudes afins. Ele pega sua espada, coloca o capacete, veste sua armadura e chama você para briga.

Em algum momento, chega a hora que essa mulher de trinta anos, delicada, baixinha e de fala mansa tem que duplicar seu tamanho ( nem que seja sobre um salto plataforma), e se transformar num gigante para encarar de frente o que precisa ser resolvido: é hora de uma conversa séria.

Se o problema é no trabalho, com amigos ou mesmo em família, ok, é complicado, mas dá para relaxar um pouco. Mas se o assunto é com aquele menino - aquele que agora é seu amigo íntimo e de longa data - já era. Não poderia ser uma conversa mais problemática.

Por “conversa séria” entende-se aquela troca básica de palavras, de olhares, de beijos, de bofetadas, de expressões faciais e seja lá mais o que for entre duas pessoas. A troca que resulte em alguma definição do problema, não uma troca qualquer.

Depois da conversa séria, não tem mais como continuar a ser como antes. Alguma coisa vai mudar, seja para melhor ou para pior. A conversa séria, aquela séria de verdade, não costuma deixar pedra sobre pedra. E isso me dá um friozinho na barriga terrível. Quase me paralisa.

Tem pessoas que usam a nossa habilidade de dialogar para nos machucar, magoar, destruir, e até mesmo para se vingar da gente. Outros, usam para consertar o que precisa ser consertado... Outros para buscar a liberdade que talvez, só aquele ponto final sonoro pode dar. Mas o fato é que quem quer fazer as coisas andarem para frente, uma vez ou outra, vai esbarrar no maldito “precisamos conversar”.

Toda conversa séria tem um antes, um durante, e um depois. Esse antes é difícil, porque faz com que lidemos com a expectativa, com a ansiedade, com o estresse. Lidar com o que está acontecendo ou com o que já aconteceu, nem sempre é fácil, mas é fato.

Já o antes…

O antes eu sinto da seguinte forma: Você percebeu um problema, ou uma situação difícil entre você e o tal amigo íntimo ( que aqui, vou chamar de Zé ). Sabe que aquilo tem que mudar. Chama o bendito para conversar. Ele aceita. E aí começam os preparativos para a tal conversa séria.

Pessoalmente, não gosto de barracos, brigas, discussões e coisas do tipo. Já gostei muito, mas mudei com a idade.... Aprendi que tem maneiras muito mais eficientes de irritar, chamar atenção ou sensibilizar a "vítima" para o que estou sentindo e precisando dizer. Portanto, a maneira de me preparar é tentar desarmar o espírito da criatura e escolher bem as palavras que preciso usar. Isso parece fácil, mas é muito complicado. Pelo menos para mim.

Primeiro, porque por mais que você imagine, idealize na sua cabecinha, a realidade é sempre imprevisível. A gente nunca sabe o que vai rolar com o seu Zé, principalmente se você ainda sente algo por ele. Segundo, porque falar do que sentimos nem sempre é tão fácil quanto se parece. É difícil achar as palavras que traduzam sentimentos que nem sabemos denominar ou descrever. Difícil responder as perguntas que não tem respostas.

Complicado explicar o que querem dizer as batidas aceleradas do coração, o aperto no peito, as borboletas no estômago, a sensação de felicidade, o brilho nos olhos. Mais difícil ainda, fazer alguém entender o quanto de emoção tem naquela lágrima que rola aqui no meu rosto ou ali no dele.

Mas se você não faz esse esforço para expor seus sentimentos, por mais difícil que seja se expor, aquilo te sufoca. Tem coisas que precisam ser faladas para se resolverem. E isso tudo complica ainda mais se você tem um Zé estilo OSTRA - aquele que gosta de fazer mistérios e, na hora de abrir, fecha. Precisava ser tão difícil? Como ele é cruel!

Perdida nesses pensamentos, lembrei de uma música do Peter Gabriel, boa de ouvir e de refletir. E seja o que Deus quiser. Um dia de cada vez.

2 comentários:

FELICIDADEetrist... disse...

Ah, Belle, os relacionamentos humanos são complexos mesmo, né?? De repente, uma boa idéia é entrar no papo sério, num momento teoricamente apropriado, delicadamente, MAS sem anunciá-lo, ... Porque tem gente que tem pavor, horror, ojeriza, pânico à tal da "conversa séria"... E, então, o papo vai rolando de mansinho... Bem, é só uma idéia...
Mantenha-se calma e tenha paciência. Se a outra pessoa é mesmo do gênero masculino (o Zé), vc já sabe como deve ser um caramujo pra essas coisas...
Boa sorte e beijos!
Lu

Labelle® Paz disse...

Luluu!

A Tita escreveu um texto no blog dela, que tem muito a ver com o que eu escrevo aqui desde o início do meu... Aquele texto sobre alguns blogs serem sobre isso e outros sobre aquilo, etc, etc, etc... Ela escreveu exatamente a situação do meu blog e do que eu escrevo, pq me conhece pessoalmente e já conversamos sobreo assunto...

Nesse texto eu quis expor a dificuldade que algumas pessoas tem em "conversar seriamente" com outras... E isso realmente acontece com muita gente a todo momento.

Esse "Zé" é um exemplar perfeito de um ou outro homem que eu tive na vida! Ainda bem que não foram todos... Ainda bem!