Lendo a respeito do brutal assassinato de uma mulher de 43 anos, que havia se encontrado com um grupo de meninos em torno dos 18 anos, e havia os conhecido através da internet, ouvi comentários do tipo: " É o que dá conhecer alguém pela internet".
Nossa, não é bem assim, convenhamos. A violência não tem mais um lugar específico, nem hora, nem motivos e é protagonizada por pessoas de históricos completamente diferentes, sem mencionar, que inúmeros casais se conheceram pela internet e mantém uma união sólida e sem surpresas macabras. E outros tantos, que se conheceram "como manda o figurino" e já passaram por poucas e boas.
Tudo bem, tudo bem, mas reconheço que independente disso, há algo nas relações virtuais que ao mesmo tempo que fascina, também assusta, e talvez por isso elas são vistas com desconfiança. Acredito que esse "algo" esteja na rapidez com que se as pessoas criam o vínculo. Não há outro relacionamento que elimine tantas etapas assim.
Nas relações "reais", você primeiro analisa onde está prestes a pisar, depois convida para um chopp, liga na semana seguinte, e por aí vai. Trocando emails, mensagens no MSN, Orkut ou Skype vc faz tudo isso em poucas horas. Meia duzia de mensagens é o que basta para uma intimidade "relativa" começar a surgir.
Com cada um no seu micro, o casal fica livre da timidez, e cria personagens muito mais sedutores e atraentes, que não gaguejam, que não vacilam, que não embolam as frases ditas: ao contrário, reescrevem quantas vezes for necessário para que elas saiam bem....... expontâneas e naturais.
Não há nada de mal nisso se for analisar como apenas mais uma forma de encontro com inúmeras vantagens. Porém a rapidez da internet esta se reproduzindo fora dela, e assim, ficamos vulneráveis e expostos.As pessoas querem saltar da tela dos seus computadores imediatamente, como se passar do virtual para o real fosse uma mera questão de continuidade, mas não é.
É preciso rebobinar a fita, reiniciar o programa, de repente, até dar uma pausa básica - ter um mínimo de cautela. Só que assusta observar que todos querem fugir da solidão o quanto antes, atropelando os dias e as fases, e acabam casando poucos meses depois de se conhecerem, com a mesma urgência das primeiras mensagens trocadas virtualmente, priorizando a paixão e dispensando o bom senso. Bom senso? Será que pensam nisso?
Conhecer alguém exige dedicação e uma certa demanda de tempo. Uma vida inteira, nem sempre basta. Aposta-se naquele relacionamento como se aposta numa loteria. Há os sortudos de primeira, batem os olhos e são têm uma certeza quase que divina: É ele! É ela! Mas e quem nao tem esse radar ultra-super-potente, que tenha calma. Toda a calma do mundo. Pressa prá que?
Viajar juntos, almoçar, jantar juntos, ficar sem dinheiro juntos, conhecer os amigos um do outro, testemunhar as relações familiares de cada um, observar as reações de ciúmes, as paranóias e os pitís, dividir as pizzas, dividir o banheiro, passar por uns sufocos. Se depois de tudo isso a vida a dois continuar cor-de-rosa, uma maravilha, um paraíso, parabéns, podem usar seus "apelidos", pq já sabem onde estao se metendo no mundo real.
Não há regras! O que importa é ser feliz.
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