Decidi andar, com os olhos e os ouvidos bem fechados. Porque assim, de certa forma, adiaria a sensação dolorida que comodamente se instalava naquelas ruas. Já tinha percorrido aquele caminho tantas vezes que poderia fazê-lo mentalmente, em poucos segundos. Mas, não era o que eu queria.
Preferia caminhar na praia, olhar o mar, pensar na minha vida e associá-la ao movimento das ondas, docemente embalada pelo barulho da água batendo na areia. Se tivesse que sentir o gosto da água salgada na minha boca, que fosse de modo suave, enquanto ao mesmo tempo, podia me sentir abraçada pelo vento e pela umidade do ar naquele ambiente.
Se tivesse de ser sufocada pelo turbilhão de dúvidas, que, ao menos, me sentisse flutuando sobre as certezas. Se tivesse de sentir medo, que fosse apenas para lembrar que vivi tantos outros momentos de um jeito melhor e mais leve do que aquele. Afinal, para chegar à terra firme, é preciso navegar... Cadê a tábua das marés?
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