sexta-feira, novembro 06, 2009

Desapego...


O despertador toca. Acordo. Queria poder dormir um pouco mais. Se cinco horas não me foram suficientes, queria entender o por que será que eu acredito que mais 15 minutinhos resolverão meu problema? Ahhh o apego... Apego à minha cama quentinha, ao 18º no ar condicionado, à escuridão total do meu quarto, ao aconchego no peito do marido... Não quero, não quero, não quero ter que abrir mão de nada disso. Mesmo sabendo que não tem jeito e é inevitável. Que preciso encher meu peito de disposição para enfrentar mais um dia de trabalho até poder voltar para a minha cama no final do dia.

O dia está só começando e os desapegos também. Na dificuldade para sair do ar condicionado e enfrentar o calorão até o banheiro. Depois, da coragem para sair do chuveiro, que estava tão relaxante... Levantar da mesa após tomar meu café é outro esforço descomunal... Finalmente, com toda a preguiça do mundo, me despeço [seria perfeito se pudesse ficar mais um pouquinho em casa!] e vou trabalhar.

Ao longo do dia, resistirei à várias outras separações, pequenas às grandes... Pode parecer besteira, mas é uma pena desligar o ipod quando entro para uma reunião, quando colegas de trabalho se despedem e deixam saudade ou quando acabo constatando que muitos contatos se perderam ao longo da vida. São muitas as amarras que me prendem às coisas, mas o pior: nem sempre me agarro ao que é agradável... Não consigo deixar de me torturar por ter cometido um erro, de repetir inúmeras vezes para mim mesma uma crítica que fiz injustamente, ou de remoer uma mágoa qualquer.

Infelizmente, o apego é um dos meus maiores motivos de sofrimento, mas só depois de ficar doente, pude perceber. Nunca tinha pensado nisso, e achava que não - mas me enganei redondamente. Curtia meu apego com muita categoria, e até me orgulhava dele [ aff ]... Voltava das férias e passava dias aérea, com a cabeça longe, revendo momentos inesquecíveis e mágicos - morrendo de saudade. Todo o cenário, toda frase, toda música, toda palavra, me lembrava dias maravilhosos vividos e que ficaram na lembrança. E eu jurava que assim que tinha de ser.

Ô sentimento inútil... Nada, nada, mas nadinha mesmo é nosso para sempre.

Melhorei consideravelmente em relação a isso. Já não fico mais estressada no último dia de férias - pelo contrário.. o último dia é tão ou mais feliz que o primeiro. Não me incomodo mais quando perco algum objeto de estimação; não sinto mais um aperto no peito quando lembro que o tempo está passando e a idade está chegando com tantas responsabilidades; não sinto mais um aperto no peito quando me despeço daquele amigo que não verei mais ou quando preciso sair de um lugar que jamais voltarei.

É um alívio deixar tudo seguir seu rumo... Confesso que ainda tenho dificuldades com a cama quantinha, com o chuveiro gostoso e ausência de alguns amigos, mas apesar desses "barbantes", pude experimentar a liberdade de partir as amarras - e recomendo a todo mundo !!

4 comentários:

Analu disse...

Sorte sua já conseguir sentir isso, eu ainda estou longe, ontem mesmo resolvi dar uma limpa na minha coleção de revistas (que raras vezes folheei novamente) e no final não consegui jogar fora quase nenhuma. E assim é com o resto. Mas ainda tomo jeito.

Jullietth Lima disse...

Adooooooooooooooorei tds seus textos *.*
tô te seguindo :*

Márcia de Albuquerque Alves disse...

HUmmmmmmmm fantásticos teus textos!
Vou te seguir sempre!
Ps.: esse apego dos 15 minutos kkkkkkkkk ainda morro disso, bom demais!

Multiplicidade e Qualquer Coisa disse...

Fantastico!! To me atualizando.
[Eliakim Abner]