quarta-feira, junho 30, 2010

Semancol...

Eu queria entender o por quê de algumas pessoas tentarem ser o que não são.... É tão constrangedor.... Insistem em falar o que não sabem, em escrever o que sabem menos ainda, em argumentar assuntos que nunca dominaram... Que coisa chata...

Algumas ainda tem a petulância de querer que você discurse sobre aquilo que desconhecem, te cobram como se fosse sua obrigação responder o que não tem sentido nenhum pra ti, e acham que tem liberdade para falarem da sua vida como se fizessem parte dela.

Como se livrar de uma pessoa extremamente inconveniente, que insiste, insiste, insiste, e não percebe o quanto é desagradável? Com educação? Com desprezo? Com grosseria? Com nenhuma das anteriores?

Se alguém souber, me avise, porque já não sei mais o que fazer...

sexta-feira, junho 18, 2010

Um dia, outro dia, e outro também...

Hoje, entre uma conversa e outra com amigos de longa data, sempre parávamos no mesmo assunto: o cansaço.... Era um que reclamava de estar cansado, outro de estar esgotado mentalmente, outro fisicamente, e todos, estressadíssimos. O assunto seguinte: a procrastinação. O que volta e meia deixamos para amanhã mas que podíamos ter realizado hoje...

Todos já fomos flagrados imersos num período de maré mansa intermitente, naquela inércia inexplicável em que o único comando que nosso cérebro envia para nossos músculos é: " já vou, só mais um minutinho, daqui a pouquinho eu faço". Se não todos, a grande maioria.

A maior parte da população se encontra ocupadíssima com suas obrigações diárias e prazos a cumprir. Sonhos e projetos reclamam realização, principalmente quando alguém faz questão de nos lembrar. A cabeça acompanha [ou pelo menos tenta acompanhar] toda essa demanda - é necessário. Mas tem dias em que as engrenagens mentais e físicas parecem não querer funcionar. Trava tudo. Nem um boot funciona.

Trava o dispositivo da paciência. Trava o dispositivo da criatividade. Trava o comando "vou para a academia mesmo com todo esse frio". Trava tudo. Apenas duas alavancas se dispõe a funcionar: a alavanca da contemplação e a alavanca da observação. Mais nada... Talvez a do levantamento da caneca de chá. Afinal, as idéias brotam, ainda que hoje não sejam colocadas no papel [quem sabe amanhã?].

E o amanhã chega logo em seguida, nos ensinando que a vida pode ter muitas verdades que não conhecemos, mas que uma delas nos foi apresentada ontem de uma forma muito sutil: a de que todos nós precisamos de um dia em branco para respirar e nos inspirar a fazer do dia seguinte um outro dia bem mais colorido. Simples assim.

quinta-feira, junho 17, 2010

Duas Décadas...

Quem nunca sentou no chão e abriu aquela caixa enorme, cheia de fotos, cartas, bilhetes, anotações ou apenas cheia de memórias da sua adolescência? Quem nunca traçou um paralelo com o que pensa agora e o que pensava naquela época, com o que planejava aos 15 anos e o que efetivamente aconteceu? Que atire a primeira pedra! [ou que atire a primeira agenda, daquelas bem pesadas...].

Aos quinze, toda adolescente que se preze, questiona o governo, a sociedade, a família, a sua sombra [afinal o negócio é questionar e dar sua opinião, sempre tão valiosa aos olhos adolescentes cheios de razão]. É a fase das convicções.

A convicção dos quinze anos é tão forte... "Farei assim, farei aquilo, serei isso, serei aquilo e nada me impedirá!". Tudo é tão pra ontem, que o imediatismo fica latejando, e o sofrimento toma proporções exageradas. Sempre magras demais ou gordas demais, sofríamos demais, chorávamos demais e ríamos com a mesma freqüência - podendo misturar os sentimentos e tudo acontecer ao mesmo tempo até - sem falar nas dúvidas quanto à profissão a ser escolhida [e nem pensávamos no possível arrependimento das nossas escolhas futuramente]. Escolher o que fazer para o resto da vida na instabilidade emocional dos meus quinze, dezesseis anos! Ai ai ai...

Enxergamos nas meninas de quinze anos o mesmo que fomos, com as variações da época, claro. Os traços peculiares da idade, como a descoberta, o exagero, o olhar absoluto, estão e sempre estarão presentes numa menina de quinze [ menina? Achávamos ou não achávamos que éramos mulheres prontas para a vida ?] Quinze anos depois, muito ainda é igual.

É inevitável não sentir um certo conforto na casa de trinta e cinco anos ao topar com a ansiedade e o medo de passar no vestibular, de perder a virgindade com o namoradinho do colégio, de viajar a primeira vez sozinha, e suspirar aliviada por saber que isso incomodou um dia mas passou. Achar graça por conseguir enxergar hoje que todo o turbilhão de emoções e de idéias passa em algum momento. Passa para dar lugar a outro turbilhão de emoções e idéias novas - mas tudo bem.

Ao conversar com uma menina de quinze anos enxergamos que os problemas mais sérios na vida dela, a gente também teve. Também achou que o mundo ia acabar porque tinha levado uma mega bronca em casa e ficou um mês sem sair, ou porque levou uma rasteira daquela criatura que você considerava sua melhor amiga [que ao final, você agradece à vida por ter tirado a infeliz invejosa do seu caminho].

As dúvidas lá dos quinze, foram substituídas por outras, nos dando uma imensa tranquilidade pois, se os problemas e dúvidas dos quinze se foram, oba!, os problemas e dúvidas dos trinta e cinco já, já, arrumarão suas malas para partir das nossas vidas, dando lugar aos questionamentos dos 40, muito provavelmente. Crescemos.

Crescemos sim. Uns de forma mais branda, outros de forma mais dolorosa, cada um teve seu processo e, hoje, inaugura outros novos. É bom demais saber que passados quase vinte anos, a gente começa a enxergar que nada é pra ontem, ninguém nesse mundo nasceu sob o manto da perfeição, tudo se torna mais flexível, mais relativo, as preocupações são outras e as nossas escolhas, feitas lá na adolescência ou nos vinte e poucos anos acabam fazendo parte do que somos, do que aprendemos a chamar de vida, fazem parte da nossa identidade, e se essas escolhas foram certas ou erradas, só o balanço dos próximos quinze anos irá nos dizer.

Cá entre nós, confesso que ainda me pego rindo e chorando, chorando e sorrindo, gargalhando até quando revejo minhas caixas arquivadas. Tudo ao mesmo tempo. Ainda bem.

quarta-feira, junho 16, 2010

- Mais um Selinho -



Receber mais um selinho me deixou emocionada! Fiquei um bom tempo afastada, e nesse período, algumas novidades surgiram em relação ao blog. Indicações para prêmios, entrevistas para revistas, e alguns convites irrecusáveis, mas infelizmente não pude aceitar. Agora, de volta ao meu espaço, posso me dedicar ao blog como me dedicava antes. Estou muito feliz, muito animada e claro, precisava registrar isso por aqui também!

Conheci a Taninha em 2004. Participávamos de um espaço onde vários temas eram debatidos e discutidos diariamente. Na primeira oportunidade que tive de conhecê-la pessoalmente, fui, um pouco tímida porque conheceria uma das mulheres mais inteligentes que participavam daquele forum, mas fui. Me sinto honrada por tê-la aqui no blog, e por poder ler o que ela escreve com tanta sabedoria. Fica a dica para quem não teve oportunidade ainda!

Enfim, tentarei cumprir as tarefas do selo.

1) Explique o motivo de ter começado o blog e se esperava tornar-se popular.

Comecei a escrever o blog incentivada por amigas blogueiras [a Bethinha e a Tita] que já escreviam os seus, e eu lia diariamente. Eu estava vivendo um momento de transição gigantesca na minha vida e para relaxar, para espairecer, para desabafar minhas angústias e registrar minhas alegrias, achei que seria interessante colocar o que sentia nesse espaço tão pessoal.

Desde o início, encarei o blog como um espaço meu, onde escrevia para mim, e isso foi se tornando maior com o número de visitantes e a quantidade de mensagens que recebi quando me mantive afastada por motivos pessoais. Não, nunca tive interesse em ser popular na internet, nem esperava receber tantas mensagens de emails dos leitores. Tudo isso só me deixou muito mais feliz, e só me incentivou mais ainda a continuar por aqui. Espero trocar minhas experiências com vocês, e que todos se sintam à vontade para dividir comigo seus sentimentos também.

2) Diga a data exata do início do seu blog.

30 de Novembro de 2006. Quatro anos. O primeiro com textos quase que diários, os seguintes, com uma frequencia menor, mas não menos intensos.

3) Indique 5 seguidores fiéis do seu blog para receber o selo.

Todas os leitores que participam comentando o blog ou escrevendo para meu email já estão participando, então, tentarei não ser repetitiva:

Lilly
Bella
Ana
May
Ninah

Obrigada a todos, mais uma vez !!

terça-feira, junho 15, 2010

Ciclo da Vida...

Alguém sabe me dizer por quê raios, Deus presenteou cada mulher com uma tia problemática que pensa (ainda pensa, coitada!) que o ciclo vital de todas as mulheres resume-se a nascer, crescer até os 30 anos, casar nesse meio tempo, reproduzir, e morrer?

Quando não é uma tia chata é uma ex-empregada da sua avó que não te vê desde os seus tenros seis meses de idade, é uma vizinha chata, e até a sogra do seu irmão se acha no direito de opinar! Ah, sim, porque se for para se meter na vida alheia todos querem dar seu parecer, principalmente quando a vida alheia em questão é a daquela mocinha de 30, 34, 36, que mesmo casada, ainda não decidiu se aumentará a família. Vocês lembram daquele joguinho de tabuleiro azul e pecinhas brancas com uma vermelha, o Resta Um? Pois é, resta uma mocinha casada e sem filhos na família. Coitada.

Quando é que vai engravidar, minha filha? Todos seus amigos já tem filhos. Todos da sua idade já tem filhos. Seus tios casaram mais novos que você e tiveram filhos no primeiro ano de casamento. Esse casamento é de aparência? Será que você pode engravidar ou será que não é fértil? São inúmeras especulações, umas mais leves e outras muito pesadas e maldosas.... Mas para todos que falam sobre a vida da tal mocinha, já passou tempo demais. É tarde demais! Ela já ficou, aos olhos da tal tia chata, pra titia.

Me impressiona que em pleno século vinte e um a família [e a sociedade] ainda exerçam esse tipo de pressão, explícita ou velada, na vida de mulheres bonitas, inteligentes e independentes, que possuem total capacidade de se reinventar a cada dia. Por que não reinventar essa regra ultrapassadíssima de que a mulher tem ter filho assim que se casa e se passar algum tempo, já passou da idade? Isso parece tão óbvio: se acontecer, ótimo! Se não, que aguardem o seu momento. É uma escolha. E se não for, ninguém tem nada a ver com isso, não é mesmo?

Será que a tia ou o substituto para chato-de-plantão não enxerga as zilhões de possibilidades que a vida te oferece, a cada dia, de crescimento profissional, de viagens descompromissadas, de cursos, de romance, enfim, de experiências que você ainda deseja priorizar antes de enveredar pelos gastos responsáveis exigidos quando se tem um filho?

Aliás, será que a tia sabe o que é programar ter um filho? Talvez nem saiba.

Talvez por acomodação lá nos seus idos vinte e poucos anos casou-se com João, que em nela nada despertava, mas a tiraria de casa, onde sofria com o pai autoritário, e tenha feito um, dois, três filhos, para constar...

Talvez por paixão, entregou-se ao José, e com ele, o matrimônio, mas por serem imaturos demais e por terem obrigações demais com a casa e os cinco filhos, não notaram que a chama foi se apagando e foram condenados a dormir um ao lado do outro pelos quarenta anos seguintes, sem diálogo, sem companheirismo, sem carinho. Divórcio? Jamais!

Se a tia-chata soubesse o que um casamento significa na vida de uma mulher que sabe o valor que tem e que não pede pouco da vida, iria se calar todas as vezes em que a sua frustração pessoal ou o simples prazer de monitorar a vida alheia lhe instigassem a dizer que você está chegou aos trinta sem filhos e que isso, de alguma forma, te deprecia.

Ficou com pena da tia-chata? Eu também. [mas quem tem pena é galinha...]

segunda-feira, junho 14, 2010

Mais uma vez...

Eu sei escrever sobre aquele aperto no peito... Sei escrever sobre ansiedade, sobre vontade e sobre aquele desejo quase incontrolável de adiantar os ponteiros do relógio e fazer com que passem mais rápido. Sei escrever sobre os olhos marejados e sobre a boca seca. Sei escrever sobre mãos suando e sobre os olhos que ardem procurando no horizonte o que não se sabe se virá, mas há espera. Sei escrever sobre sentimentos bons e sobre angústias ruins. Sei escrever sobre voz baixa, sobre dedos nervosos, sobre dor na barriga, sobre taquicardia, sobre o silêncio, sobre ir e vir, sobre segundos lentos, sobre minutos rápidos, sobre querer e não poder, sobre ansiar e esperar. Sei escrever sobre os segundos mais lentos, sobre os mais esperados e, enlouquecidamente, sobre os mais distantes. Sei escrever sobre o que se quer e parece que nunca chega, sobre o que não se espera, sobre o que não avisa, e sobre o que não dá esperanças. Sei escrever. Sei falar.... mas, definitivamente, não quero sentir o que estou sentindo.

domingo, junho 13, 2010

Transparência...

Tenho pensado demais na verdade. A verdade do sentimento, a verdade da alma, a verdade da felicidade, a verdade do momento. A verdade sobre coisas simples que fazem toda a diferença no momento em que se escolhe viver de verdade ou se deixar levar pelo medo. Medo da verdade que está diante dos nossos olhos e ao alcance das nossas mãos. Medo de não ser verdade o que queríamos que não fosse sonho.

E, enquanto dormimos, não conseguimos perceber que o tempo é valioso, e os segundos que passam, deixam passar também a verdade e a mentira. Não sendo nada além de tempo perdido, vida perdida, amores perdidos. A verdade, no final das contas, estará perdida em alguma esquina do caminho que foi percorrido de olhos fechados, sem vermos a beleza das flores na primavera e sem percebermos o quanto o outono pode ser maravilhoso em seus tons de laranja. Ela está ali... Perdida embaixo de alguma folha. Perdida. Só não mais perdida do que aquele que não conseguiu encontrá-la, vivê-la e senti-la.

sábado, junho 12, 2010

Cuidado?

Como tem gente que adora aparecer e gritar para os quatro cantos do mundo o que faz ou deixa de fazer, quem ama ou deixa de amar, e compete para ver quem ganhará a disputa da cerimônia de casamento mais inusitada, da declaração de amor embaixo do mar, ou do outdoor nas ruas mais movimentadas. Puro exibicionismo? Marcação de território?

Aí fica a pergunta............ Pra quê loucuras pirotécnicas de amor?

... o bom do amor, é fazer segredo...

sexta-feira, junho 11, 2010

Cadeia Neles...

A primeira vez que tive contato com a expressão "sequestro emocional" foi há um tempo, assistindo uma entrevista na televisão paga. Lembro-me que, na época, o assunto me despertou muita curiosidade e me pus a perceber situações onde o tema personificava-se.

... Pessoas que, utilizando-se alguns mecanismos de manipulação, estão sempre por perto detonando a vida de alguém, que não consegue se liberar da criatura em questão. Num primeiro momento, pensei tratar-se da tal chantagem emocional, técnica horrorosa que certas pessoas usam para atingirem seus objetivos através do constrangimento e do plantio de algo não menos horroroso - a culpa. Parece que todos temos dias de carentes profissionais e maiores abandonados, o que não é crime algum. É só chatice passageira. Mas aqui, o crime é outro.

Sequestrador emocional dos bons é aquele que se diz seu amigo [alguns fazem questão de martelar isso zilhões de vezes para quem quiser ouvir] mas que vive arrumando um jeitinho persuasivo de plantar uma dúvida infeliz na sua cabeça, e vive te relembrando uma derrota que você mesmo já se esqueceu. Ele é agressivo e até meio grosseiro nas palavras, meio estraga-prazeres, mas sempre afirma "ser muito sincero". É aquele tipo que se esquece de você quando tudo está muito bem, mas não perde a oportunidade de se dizer seu "conselheiro" quando tudo vai mal, sempre com aquelas teorias de divã prontas, que se encaixam ou não com o momento. Com seus conselhos e tanta disponibilidade, ele faz você pensar que é necessário, que se preocupa contigo, que é parceiro, mas lá no fundinho tem um quê de invejoso [e de destrutivo]. Parece que se alimenta e cresce mais ainda com a derrota alheia, talvez porque ele próprio e tudo na sua vida sejam isso: uma derrota. Quando você se esquece da existência do infeliz, toca o telefone e é ele, querendo, mais uma vez, detonar sua paz.

Você enxerga e sabe que a postura desse seu amigo te incomoda. Enxerga e sabe mesmo que nem seu amigo o coitado é de verdade. Mas você engole todos os sapos e engorda [sim, os sapos também engordam]. E sabe-se-lá o por quê, não consegue dar o fora no sujeito, de tão seqüestrado que está. Acaba optando por tolerar esta presença seca-pimenteira-disfarçada-versão-2010 no seu dia-a-dia.

Vergonha? Pena? Política da boa vizinhança? Falta de jeito para falar umas verdades? Talvez. E a culpa não é sua de não conseguir se desvencilhar desse tipo de gente. Eles não abrem brechas, não dão folga, não dão chance ao descarte - estão sempre muito atentos. Mesmo assim, o que me deixa mais leve, é que eles não são para sempre. Uma vez descoberto o porquê de mantermos pessoas assim na nossa rotina, mais fácil o afastamento.

Vale meditar sobre o dia em que este incômodo causado pelo sequestrador for maior que a sua boa vontade em permitir que ele ainda participe de sua vida. Neste dia, lembre-se de se livrar deste encosto, do seu jeito: seja dando um fora, seja desaparecendo, seja não atendendo mais suas ligações, seja na sutileza, seja falando, seja escrevendo, seja sumindo do mapa em que ele está. Vale tudo, contanto que o desabafo saia da garganta. Sejam gestos, sejam palavras, não interessa. Interessa que o maneira escolhida seja eficaz para demonstrar sua insatisfação e para infomar a ordem de despejo a estes seres pequenos que rastejam ao redor do seu jardim. Fora. Cadeia neles.

Para todos os seqüestradores emocionais a cadeia é liberdade: a cadeia é todo o mundo lá fora. O mundo fora de nossas vidas.

quinta-feira, junho 10, 2010

Servidos?

Final da semana chegando, comemorações, datas especiais [e comerciais], o friozinho pedindo colo com chocolate quente, mas nada disso importa se não estivermos felizes. Permitam-se a felicidade! Deixem que ela entre quando baterem na sua porta !! Vamos falar de relacionamentos?

Para mim, relacionamentos estão para o coração assim como refeições para o estômago.

Posso falar aqui de casamentos nouvelle cuisine, namoros fusion, uniões rabada (ou seria roubada?), encontros strogonoff e tantos outros. E não só o campo dos amantes remete à gastronomia. Temos amizades que também se identificam com pratos saborosos ou pratos indigestos, de acordo com o prazer proporcionado pela companhia alheia.

Se queremos amores românticos e perfumados à luz de velas, queremos, portanto, culinária francesa: tudo preparado com cuidado, dispensando atenção para os mínimos detalhes, impressionando o maior número de sentidos: tato, olfato, visão, paladar. Sabor, apresentação e textura impecáveis. Glamour.

Alguns querem amores modernos, com um mix de romantismo, daqueles que tem um larga do meu pé de vez em quando. Nos restaurantes da cidade também encontramos opções assim: ingredientes pinçados de um sem número de culturas e mesclados num mesmo caldeirão. Dá-lhe mexer... Um mexidão cultural. Um amor mexidão. Mexe daqui, mexe dali, até ficar azeitado, com todos os ingredientes funcionando em sintonia satisfatória.

Não poderia deixar de lembrar, é claro, dos itens neutros na cozinha e na cama. Pratos e amores nudes, beges: simplinhos, satisfazem, mas estão longe de causar algum tipo de frisson dentro da gente. Não causam aquelas borboletas na barriga que fazem toda a diferença. Seria, talvez, como o miojo, o strogonoff de frango, o feijãozinho sobre o arroz soltinho. Não são uma delícia? Claro que sim. Mas também pode ser que um dos comensais queira experimentar algo mais diferente, picante, fora do habitual ou mais elaborado de quando em vez, deixando o miojinho abandonado. Coisas da vida. Vida que nos oferece opções para todos os gostos e paladares.

Ah o paladar... Quando este sentido tão caro nos foge, a situação fica capenga. Para o estômago, para o coração, para a paciência. Você pede pato ao molho de frutas silvestres, não lasanha. Ainda assim, lá está você: saboreando uma lasanha básica na falta do seu canard aux fruits. Fome? Ansiedade? Desespero? Será que seu coração - e o seu estômago - não poderiam esperar o prato certo? Resposta: nem sempre.

Nossos órgãos às vezes nos pregam peças, induzindo-nos a experimentar pratos, pessoas e sensações que não estavam no roteiro - e só nos damos conta quando sentimos aquele mal-estar típico que segue a orgia alimentar. Sal de frutas? Sim, uma dose por favor, mas só por hoje.

Amanhã o remédio será outro e o nome dele: sabedoria.

quarta-feira, junho 02, 2010

Listando...

Desde sempre, me dou muito bem com todo tipo de listas. Aliás, melhor eu me apresentar: prazer, sou a menina das listas completas. Faço lista para tudo o que se pode imaginar - embora algumas delas precisem ser refeitas, já que não cumpridas. E as refaço com o mesmo prazer, dedicação e tesão no planejamento, como se fosse a primeiríssima vez.


Minhas listas variam do supermercado às listas de pendências - a famosa lista "a fazer" (a menos cumprida de todas). Já adiei consertar as hastes dos meus óculos negros. Já adiei arrumar meu armário, e sigo enfiando tudo o que me dá na telha no buraco negro da Labelle (como ele anda conhecido). Meu marido [que me dá uma força na tarefa] já encontrou de tudo lá dentro (!?). Já adiei ingressar na academia. Já adiei comprar aviamentos para uns tecidos que comprei na última viagem... e vou adiando enquanto me der vontade. Enquanto não me der vontade, aliás (de fazer o que está na lista).

Os óculos, substitui por um par mais antigo. Na academia, já ingressei, falta apenas frequentar (item que colocarei noutra lista). Os tecidos estão criando raiz no meu armazém (outro apelido do meu amado armário), já que estão lá sem costura há aproximadamente um ano. São para roupas de verão (de 2011 agora, paciência). Quem mandou adiar? Ninguém mandou, oras. eu quem quis. Deixa na lista.

Tenho fases como a Lua. Fase de deixar tudo admiravelmente brilhando - quase em tempo integral. Fases de ser organizada demais - quase a vida inteira. Fase de querer os lençóis impecavelmente esticados e cheirosos - sempre quando os troco. E fases de deixar o meu mundo de pernas para o ar. Principalmente quando estou sozinha. Roupas pela casa. Sapatos ídem. Televisão ligada na sala enquanto estou no escritório. Todas as luzes acesas. Revistas espalhadas. Cama por fazer. Mini-caos gostoso onde só eu me entendo.

É como se alguma providência divina e superior fosse surgir no meio das minhas roupas espalhadas... É um cenário que detesto vislumbrar, mas que me encara dali, enquanto eu o encaro daqui. Como se alguma coisa maravilhosa fosse acontecer após a bagunça. Descobri que creio neste mito - depois da tempestade virá a bonança. Descobri também, que me dedico com afinco a tumultuar meu barraquinho, desde que minha desordem não cause intolerância a ninguém [leiam: maridôncio]. Não sei qual a razão, mas sinto uma certa paz quando estou no olho do furacão da minha antagonista - a desorganização. Talvez porque tenha certeza que, diante dela, o meu melhor acordará. Talvez porque tenha certeza que, diante de tanta bagunça, me mexerei para reverter o quadro logo. Talvez porque tenha certeza que este meu emaranhado também é meu próprio limite. Vou ao meu limite para beber da minha força. Vou ao limite da minha desordem para, enfim, voltar à calmaria. E não poderia voltar em melhor estilo. Ah, sempre elas. As minhas listas...

Desculpem, amigos, mas se tivermos algum compromisso nos próximos dias, é provável que eu fure [e alguns, adoram me chamar de furona]. Minhas listas estão cheias. E me delicio em pensar que, desta vez, vai.

terça-feira, junho 01, 2010

A tal da ansiedade...

Hoje tive uma experiência muito válida de confrontação de mim, comigo mesma. Através de um daqueles questionários que insistem em nos enviar por email, uma característica que me é muito marcante saltou aos meus olhos [novamente] e veio dizer algo que até pouco tempo atrás, era novidade: um dos meus maiores males atende pelo nome de ansiedade! Um de meus maiores males? Tá, tá ok, confesso. Não é mal meu, não é único, nem é exclusivo, ou personalíssimo, nem adquirido por cem moedas através de escritura de compra e venda passada em cartório. Tá, tá ok, confesso de novo: é mal meu e de mais da metade da humanidade (sim, porque quem não é ansioso ou é zen demais ou já morreu).

Verdade é que a ansiedade aflige a todos nós que temos um amor, um trabalho, um desejo. Todos nós que temos uma viagem programada, um prazo a cumprir, expectativas a suprir, um casamento recente, uma vida pela frente. Roemos todas as unhas, balançamos as pernas insistentemente, cutucamos as orelhas, coçamos a cabeça. De novo, e de novo. É ela. A tal da ansiedade que não nos deixa relaxar, mastigar, respirar, entender.

Entender e absorver que não adiantará falar aceleradamente, que não, isso não cumprirá o tal prazo. Que roer todas as unhas do seu corpo não trará o homem amado de volta. Que simplesmente "passar os olhos" em tudo o que passa pelas suas mãos, [porque você já está com a cabeça ocupada com a outra tarefa que terá que implementar em seguida] pode significar uma segunda leitura, desta vez mais acurada e mais demorada, ou seja, trabalho dobrado - o famoso 're-trabalho'.

Lemos tanto sobre terapias relax transcendentais. Acendemos incensos pela casa inteira. Escutamos músicas beeeem tranquilas. Verbalizamos o quanto não é interessante se estressar, se aborrecer, se consumir, não ver a vida passar com tranquilidade. Mas verbos à parte, nossa postura ansiosa esganada do dia-a-dia nos trai. Trai nosso próprio discurso [sempre]. Talvez a técnica do "respirar fundo e contar até vinte" antes de surtar, seja eficaz para uns. Talvez a técnica de contar os leões (um leão por vez, ou elefante, ou o bicho que você tenha predileção para "matar" por dia) também funcione.

Temos a auto-crítica, temos as leituras zen, temos os incensos, as músicass, as técnicas, os conselhos. O que será que nos falta para adotar um postura menos ansiosa, imediatista e afobada no nosso dia-a-dia? Inteligência? Não, não acredito. Acredito que achamos 'um quê' de graça nessa nossa busca pelo auto-conhecimento. Afinal, depois disso, virá o quê?