segunda-feira, outubro 15, 2007

O Circo.

O coração dispara, os olhos se abrem. Vai começar o maior espetáculo da Terra. Será? Os olhos dele brilhavam como os de uma criança. Dava gosto de ver.

A primeira vista, era apenas uma lona colorida, erguida em formato de tenda gigante onde antes havia um terreno baldio. Mas não se trata de um abrigo, e sim de outro mundo, um mundo mágico que, regido pela inocência, nos torna crianças novamente. "O circo nasceu para alegrar a todos" diz o apresentador. E tem sido assim por séculos. Pelo menos uns 40 séculos. É verdade.

No Brasil, o circo chegou no século 19. As trupes iam de cidade em cidade, encantando pais e filhos e, é claro, recrutando gente de talento para segui-las. Numa era pré-celebridades, era com aquela lona colorida que as crianças sonhavam, quando seu mundo pessoal parecia pequeno demais para seus sonhos.

Trapezista, palhaço, malabarista, mágico. Não importa o número. Se o circo possui dois ingredientes indispensáveis, com certeza são a emoção e a diversão.

Olhos fixos no picadeiro, a gente se assusta, ri, torce, se enche de pena quando o número dá errado [o que tem sido cada vez mais difícil de ver].

Todos gritam, sapateiam, batem pés e entopem os sentidos com a atmosfera única que se cria sob a lona. Ah, o cheiro de maçã do amor, algodão-doce, pipoca e poeira. Muita poeira. Eu que sou alérgica, saí de lá com o nariz três vezes maior.

Será que o trapezista vai conseguir alcançar o trapézio? Ou será que a mão dele vai escapar e ele terá que enfrentar o gosto amargo da rede lá de baixo?

Será que o palhaço vai me escolher, na décima fileira, bem longe do corredor, e me chamar para brincar diante da platéia? Seria um mico enorme, como o que a Angélica enfrentou no Cirque du Soleil ano passado, ao ser virada de cabeça para baixo... É, deve ser muito bom ser a estrela da festa - ou não!

Incrível mas precário...

Latas, bolas, cordas, flores... Nestes tempos de efeitos especiais feitos por computadores, o circo lembra que o incrível pode ser feito com truques banais - e fica até mais incrível que uma explosão de planetas feita no estúdio de cinema.

A chave, nos ensinam os artistas, é o domínio da técnica - tanto para equilibrar-se como para criar a ilusão de que a mulher foi fatiada e "embaralhada" dentro da caixa do mágico. Tecnologia aqui não tem valor.

Muito mais importantes são a mobilidade do corpo, a coragem, e claro, alguns truques transmitidos há gerações sob a lona. É bom que os artistas pareçam gente comum. Mas também para não ficar muito sem graça, melhor que venham de terras distantes e desconhecidas.

Dá-lhe contorcionista argentino e trapezista russa. Viajando de um lado para o outro em trailers e barracas coloridas, eles ajudam a espalhar o sonho de que, com esforço e vontade, tudo é possível. "Bravíssimo", exclamaria o apresentador. E meu luv ficou emocionado com o espetáculo que assistiu neste domingo. Eu também.

Um comentário:

disse...

Não ria, mas nunca fui a um circo.
Bom, agora pode rir. hahahahaha
Beijos da sua amiga maluquete!