terça-feira, junho 15, 2010

Ciclo da Vida...

Alguém sabe me dizer por quê raios, Deus presenteou cada mulher com uma tia problemática que pensa (ainda pensa, coitada!) que o ciclo vital de todas as mulheres resume-se a nascer, crescer até os 30 anos, casar nesse meio tempo, reproduzir, e morrer?

Quando não é uma tia chata é uma ex-empregada da sua avó que não te vê desde os seus tenros seis meses de idade, é uma vizinha chata, e até a sogra do seu irmão se acha no direito de opinar! Ah, sim, porque se for para se meter na vida alheia todos querem dar seu parecer, principalmente quando a vida alheia em questão é a daquela mocinha de 30, 34, 36, que mesmo casada, ainda não decidiu se aumentará a família. Vocês lembram daquele joguinho de tabuleiro azul e pecinhas brancas com uma vermelha, o Resta Um? Pois é, resta uma mocinha casada e sem filhos na família. Coitada.

Quando é que vai engravidar, minha filha? Todos seus amigos já tem filhos. Todos da sua idade já tem filhos. Seus tios casaram mais novos que você e tiveram filhos no primeiro ano de casamento. Esse casamento é de aparência? Será que você pode engravidar ou será que não é fértil? São inúmeras especulações, umas mais leves e outras muito pesadas e maldosas.... Mas para todos que falam sobre a vida da tal mocinha, já passou tempo demais. É tarde demais! Ela já ficou, aos olhos da tal tia chata, pra titia.

Me impressiona que em pleno século vinte e um a família [e a sociedade] ainda exerçam esse tipo de pressão, explícita ou velada, na vida de mulheres bonitas, inteligentes e independentes, que possuem total capacidade de se reinventar a cada dia. Por que não reinventar essa regra ultrapassadíssima de que a mulher tem ter filho assim que se casa e se passar algum tempo, já passou da idade? Isso parece tão óbvio: se acontecer, ótimo! Se não, que aguardem o seu momento. É uma escolha. E se não for, ninguém tem nada a ver com isso, não é mesmo?

Será que a tia ou o substituto para chato-de-plantão não enxerga as zilhões de possibilidades que a vida te oferece, a cada dia, de crescimento profissional, de viagens descompromissadas, de cursos, de romance, enfim, de experiências que você ainda deseja priorizar antes de enveredar pelos gastos responsáveis exigidos quando se tem um filho?

Aliás, será que a tia sabe o que é programar ter um filho? Talvez nem saiba.

Talvez por acomodação lá nos seus idos vinte e poucos anos casou-se com João, que em nela nada despertava, mas a tiraria de casa, onde sofria com o pai autoritário, e tenha feito um, dois, três filhos, para constar...

Talvez por paixão, entregou-se ao José, e com ele, o matrimônio, mas por serem imaturos demais e por terem obrigações demais com a casa e os cinco filhos, não notaram que a chama foi se apagando e foram condenados a dormir um ao lado do outro pelos quarenta anos seguintes, sem diálogo, sem companheirismo, sem carinho. Divórcio? Jamais!

Se a tia-chata soubesse o que um casamento significa na vida de uma mulher que sabe o valor que tem e que não pede pouco da vida, iria se calar todas as vezes em que a sua frustração pessoal ou o simples prazer de monitorar a vida alheia lhe instigassem a dizer que você está chegou aos trinta sem filhos e que isso, de alguma forma, te deprecia.

Ficou com pena da tia-chata? Eu também. [mas quem tem pena é galinha...]

5 comentários:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Oi Labelle!

Concordo com você!
Tenho 30, sem casamento e sem filhos, passo por essas investigações famíliares, mas, tipo, quero sim casar um dia, sei lá, me apaixonar quem sabe, porém, sem obrigações de ter que dá continuidade a geração. Já avisei em casa, não pretendo ter filhos. Ainda não consigo me afinar a idéia kkkk
Então, acho que isso é um problema cultural, é herança daquela antiga organização familiar que ainda persiste!.

bjssss

Labelle® Paz disse...

Pois é, Marcinha...
Estou casada há alguns anos, e de relacionamento mais alguns... Penso em ter filho? Penso sim, mas tudo à sua hora. O que me deixa impressionada é com todo o julgamento infundado que as pessoas fazem em torno da vida dos outros. As escolhas são nossas, mas infelizmente, muita gente pensa e se comporta como se não fossem.

NiNah disse...

O pior é quando você já tem um filho, no meu caso uma filha, o povo já pergunta pelo outro.
Não é brinquedo não!
bjas

Labelle® Paz disse...

É sempre assim... Na falta de assunto, lá vem a cobrança...

Anônimo disse...

Vixe, se eu fosse escutar sermão e pitaco de tia velha, rs, já poderia ter me matado: eu sou tudo o que essas pessoas dizem pra vc não ser, pelo menos o meu momento atual é esse. Meu " ciclo de vida" seguiu sempre bagunçado, desorganizado,rs, ao contrário do " normal" estipulado pela sociedade.Quer uma amostra? Tenho quase 36 anos e não casei, não tenho e não quero ter filhos( nem me passa pela cabeça), tambem não sonho exatamente com um casamento. Nem namoro sério não tenho hoje.rs.A minha melhor historia em termos de romance, é meio louca, sem data pra se definir ou se acabar algo...rsrsr. Engraçado, não me sento muito cobrada pelos outros pra ser " normal", nem por amigos, nem por familia( muito pelo contrario, minha mae me criou pra não ser dependente nem financeiramente nem emocionalmente de ninguem)...
Mas confesso que já teve pelo menos um caso de um provavel romance que estava para acontecer não começar, pq o cara ficou paralisado e decepcionado em saber que não quero filhos...( ok, esse aí virou um bom amigo e já está namorando outra que quer casar e ter familia). é assim mesmo, são poucas pessoas que são preparadas pra aceitar outros estilos de vida... eu não dou satisfação pra ninguem, e não tô nem aí, o dia que eu quiser alguma coisa, pode deixar que eu mesma irei atrás e vou procurar, ninguem precisa escolher por mim... beijão.