Um amigo me indicou uma leitura.
Escrito por um jornalista escocês que se descreve como ex-viciado em velocidade, o livro Devagar questiona a obsessão de se fazer tudo mais depressa, resgata as origens históricas do culto ao tempo e descobre uma minoria cada vez maior que consegue levar a vida em outro ritmo. Eu estou tentando fazer parte dessa minoria.
Apesar de ter rompido com o pique desenfreado de trabalho há quase três anos, respiro aliviada quando encontro outras pessoas seguindo esse caminho. Ainda preciso de exemplos que reafirmem minha escolha. Na época de responsável técnica, era reconhecida como "ensandecida"... O nome fala por si só.
Trabalhava 15h por dia, viajava outras tantas, acreditava que quanto mais rápido terminasse minhas tarefas, mais produtiva seria. Hoje vejo que fazer mais rápido nem sempre significa fazer o melhor. Quando se faz muita coisa ao mesmo tempo corre-se o risco de não estar por inteiro em nenhuma delas.
Essa questão ficou mais evidente para mim ao voltar a trabalhar. Reencontrei amigos trabalhando ainda mais. Quem não aceita trabalhar por dois está fora do mercado, diziam. E todos passaram a acreditar que a vida é assim mesmo, e que não temos escolhas. Discordo profundamente. E esse livro de Carl Honoré mostra alguns caminhos para levar a vida respeitando nosso ritmo interno.
Identifiquei-me logo no início da leitura, que aponta uma tendência de troca no estilo de vida de alta pressão, alta renda e alta velocidade por uma existência mais tranquila e menos consumista. Esse foi o caminho que trilhamos ao trocar temporariamente a cidade grande pelo interior... Ainda é cedo para falar da nossa experiência, mas posso dizer que encontramos gente dos mais variados lugares seguindo o mesmo caminho e dizendo que vale à pena.
Os exemplos do livro mostram como algumas cidades estão se reinventando para desacelerar. Há estudos urbanísticos para reduzir a circulação de carros, estimular caminhadas, criar espaços de convivência e relaxamento. Nessas cidades a participação comunitária aumentou e os laços de vizinhança se estreitaram, com vizinhos cuidando dos filhos uns dos outros à moda antiga.
Outro movimento surgiu numa pequena cidade da Itália. Conhecido como slow food cultiva o prazer de comer cada prato no tempo certo, privilegia produtos feitos artesanalmente, com respeito ao meio ambiente e estímulo aos produtores locais.
O autor segue sua pesquisa apontando alternativas nas mais variadas áreas, de educação e saúde a sexo. Uma pena o uso demasiado de rótulos - "devagar", estado mental "devagar" - como se fossem necessários para reforçar a mensagem que ele quer passar. Na verdade fiquei incomodada com a superficialidade com que o autor experimentou os métodos que descreve. Mas a idéia central vale a pena. Depressa ou devagar, o desafio é fazer as coisas no tempo certo.
8 comentários:
Oi Belle!
Este livro deve ser bem interessante...e parece que trata um pouco das escolhas que fiz...(me mudei para um cidade pequena, larguei o trabalho e estou desacelerando meu ritmo de vida). Valeu a dica.
Oi Belle, ainda bem que alguém resolveu escrever um livro sobre esse assunto. Vou ver se já tem na biblioteca.
O ritmo de vida das grandes cidades americanas é insano! As pessoas acham que trabalhar 50 horas por semana é o mínimo que
podem fazer. E acham que se não fizerem serão mandadas embora e substituídas rapidamente. A competição aqui é doentia.
Eu não dirijo mais porque me estressa. No trânsito as pessoas estão sempre com pressa. Aqui é comumu ver todo mundo dirigindo e segurando o celular, instant-messaging, comendo, se maquinado, lendo jornal! É ridículo!
Esse imediatismo está tirando o prazer de se aprender a esperar, de saborear uma boa comida e até de conversar!
Eu quero entrar cada vez mais fazer parte desse novo ritmo!
Pois é, o tempo é o senhor da razão.
A questão é, sabemos lidar com ele?
;)
Beijos.
Aprender a respeitar o próprio ritmo e o das outras pessoas, faz o mundo mais feliz e produtivo;
Faz um tempo que tento desacelerar com a interferência de acontecimentos externos que parecem me dizer: paciência.
Numa dessas é que se aprende a respirar!
Anotei o nome do livro. Bom fim de semana! Beijus
Meu Pai fez isso aí mesmo. Tenho certeza de que este é O caminho.
Só espero que eu não faça isso tão tarde, também quero qualidade de vida, quero que meus filhos vivam satisfeitos e sem stress em excesso.
Aqui é um pouco frenético, também, mas, no meu caso preciso encerrar o ciclo que se abriu em nossa vida quando viemos para cá.
Coisas espirituais, digamos assim, rsrsrsrsrs.
Beijos.
Meu pai lindo fez isso aí mesmo. Só que ele radicalizou: se mandou prá roça, rsrsrsrrs.
Tenho certeza de que este é O caminho.
Só espero que eu não faça isso tão tarde, também quero qualidade de vida, quero que meus filhos vivam satisfeitos e sem stress em excesso.
Aqui é um pouco frenético, também, mas, no meu caso preciso encerrar o ciclo que se abriu em nossa vida quando viemos para cá.
Coisas espirituais, digamos assim, rsrsrsrsrs.
Beijos.
Se você gosta de ler e gosta de Milan Kundera, procure "A Lentidão" (La Lenteur) que divaga sobre o mesmo tema.
XXX/A
Obrigada pela dica, Antonio!
Procurarei sim.
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