O papo com a vovó rendeu bons textos... Todas as lembranças que ela tem até hoje, e toda aquela memória impecável me fez pensar nas mentiras que contávamos quando crianças (para não puxarem nossas orelhas) e nas coisas que inventávamos na adolescência, para viajarmos com os namorados ou chegarmos em casa no dia seguinte...
Cada história.... Cheguei à conclusão de que muitas coisas não procedem e lidar com crianças realmente não é tarefa das mais fáceis.
Mentira: "Quem sempre fala a verdade, não merece ser castigado."
Costumo pagar caro por ser sincera e verdadeira, e demorei para perceber que essa expressão que escrevi acima, era mais uma daquelas mentiras de "adultos": Já me beliscaram embaixo da mesa porque eu disse que não gostava de leite; apanhei muito sozinha quando confessava minha responsabilidade nas besteiras que fazíamos; ficava de castigo por dizer que não pediria desculpas porque não me arrependia do que fiz... É assim que as crianças aprendem a omitir... Para mentir é um rapidinho, basta dar um passinho bem pequenininho.
Todas as crianças passam por momentos parecidos, algumas aprendem, e outras não, crescem falando sempre a verdade... Deletam pequenos lapsos dos pais, irritam os coleguinhas, envergonham os tios... Não sei se é hereditário.... Mas muitos na família são extremamente críticos e a verdade é dita, doa a quem doer.
Eu além de doloridamente verdadeira [quase todas as crianças são!] ainda era curiosa. Essa de "não porque não" nunca me convenceu... Ou me davam um bom motivo ou continuavam me escutando... Tem que ter um por quê! Tudo tem um por quê... Eu só quero saber as respostas, oras... Na faculdade foi assim também. Me aborrecia quando fazia alguma pergunta ao professor e ele me perguntava: " por quê você acha que é assim?". Aff.
Depois de descobrir que mentindo ou falando a verdade sempre puxavam minhas orelhas, decidi que algumas coisas não precisariam ser ditas. Minhas mentiras de adolescente só foram descobertas quando eu confessei. E algumas eu vou ter que levar pro túmulo... Que vergonha. Mas eu sou boba mesmo, nasci assim. Ficava triste, com vergonha, me arrependia... Acho que sofria mais até do que se descobrissem... Enfim.
Hoje, ainda me arrependo por falar a verdade...Não consegui entender o por quê de algumas pessoas falarem 'não' quando querem falar 'sim'; falam 'talvez' quando sabem que é para falar 'não' ; falam 'não sei' quando têm preguiça de pensar na resposta que devem dar... Se tudo tem seu preço nessa vida, minha consciência deve ser bem rica. Só rindo.
Uma das histórias que a vovó me fez lembrar e que dá uma boa noção da criança "adorável" que fui:
Um dia, estava sentadinha observando minha tia pintando um dos seus quadros. De repente, percebi que ela tinha alguns cabelos brancos que sobressaíam entre a sua cabeleira ruiva. Olhei para ela e perguntei: "Porque você tem tantos cabelos brancos, tia?"
A resposta: "Bom, cada vez que você faz alguma besteira e me faz triste, um dos meus cabelos fica branco."
Pensei no que me foi dito por alguns instantes, e logo disse: "Tia, como você deu trabalho... Por que TODOS os cabelos da vovó estão brancos?"
2 comentários:
Que história linda!!!
Adorei!!!
Verdade sempre doa a quem doer, né?!
É por isso que te admiro tanto!
Beijos com saudades amiga,
"... ainda era curiosa. Essa de "não porque não" nunca me convenceu..."
Éramos iguaizinhas, hein!
Todos me chamavam de "curiosidade premiada" quando era criança. Queria resposta para tudo. E sempre tinha uma pergunta na ponta da língua. Por que não posso? Esta era minha frase favorita...
Minha mãe morria de vergonha das situações embaraçosas que a colocava, tipo: Vc é casado? Pq vc tem isso no rosto?...
Hoje estou bem melhor, mas ainda faço meus questionamentos!!!
Bjs.
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