sábado, dezembro 16, 2006

Saudosismo...

Estou descobrindo, a cada dia, o quanto é interessante poder trocar figurinhas através de um blog e ao mesmo tempo, em como é desestressante mantê-lo atualizado com os pensamentos que me atropelam... Nunca fiz terapia, mas isso aqui está bom demais para espairecer...

Tem apenas 17 dias que iniciei esse blog e ainda não divulguei para nenhum amigo... Tenho observado e lido textos que valem à pena, conhecido pessoas que contribuem muito para alguns assuntos mais específicos e estou engatinhando pelo mundo dos blogs...

Passei, hoje, por um momento meio esquisito, que só me fez ver quão perto estou do fim, em alguns projetos da minha vida.

Nos habituamos, quase sem querer, a fazer "associações" mentais entre coisas diferentes, porque é um jeito fácil de guardá-las na memória. Pelo menos para mim... Meu marido acha que sou doida, e ele, extremamente racional, não consegue associar nada com nada...

Quem, nas vésperas do vestibular, não inventou mil frases malucas para fixar, de uma vez, os elementos da tabela periódica? E os planetas em ordem?? " Minha Velha Traga Meu Jantar: Sopa, Uva, Nabo e Pão". Ele morre de rir dessas coisas, mas prá mim é muito natural...

Eu, uma mulher de trinta com processo mental meio acelerado, acabei usando o recurso mneumônico para armazenar meus sentimentos. Os momentos felizes e tristes da minha vida ficaram marcados na minha memória, por trilhas sonora, lugares e cheiros. Imagens e sons característicos. Cada fase, cada grupo de amigos, cada pessoa que passou por mim e fez parte de algum momento meu, eu lembro através de alguma coisa específica... Bem específica.

A MPB me traz de volta aos tempos de irresponsabilidade absoluta do primeiro ano de faculdade, quando passávamos o dia todo tocando violão no barzinho próximo ao campus. "Spending my time", do extinto Roxette, faz parte da sonoplastia de um dos desencantos amorosos. Aquele show em 1992 foi marcante em vários sentidos. Inesquecível.

As decepções mais doídas (aquelas causadas por quem eu menos esperava) ficaram associadas à imagem e ao som de uma peça do cristal mais delicado se espatifando em mil pedacinhos... Ganhei algumas pecinhas de cristal de um grande amigo que colecionava... Consigo ouvir o barulhinho leve que cada pedacinho de cristal faz ao cair no chão. Por aí, acho que dá para imaginar o tempo que levo, para conseguir digerir alguma decepção... Preciso aprender a lidar melhor com isso.

Hoje, infelizmente, fui obrigada a revisitar essa sensação. Me decepcionei por sua causa. Você que nunca vai saber o quanto me magoou e, muito menos, que tinha para mim um significado muito maior do que nós dois imaginávamos. Cada pessoa tem um papel importante na nossa vida. Umas vêm para ficar. Outras simplesmente passam por ela, sempre deixando algo importante de si mesmas. Você chegou e me encantou, acenando com a possibilidade de me acrescentar tantas coisas bacanas. E agiu desse jeito pequeno, que me faz pensar, instantaneamente, em propaganda pessoal enganosa. Me servia um amigo de verdade e afastou definitivamente, todas as chances de que isso viesse a acontecer.

Essas são palavras que você nunca vai ouvir. Porque, ironicamente, a vida não quis que eu as pudesse dizer, neste exato momento, quando estou precisando tanto desabafar. Fique você sabendo, no entanto, que cada sorriso e palavra cordial, de agora em diante, só podem ser interpretados de uma única maneira: Não sei se consigo te perdoar por ter me feito ouvir o barulhinho do cristal quebrando de novo...

Desculpem-me pelo desabafo.

Muita paciência com meu estado de ânimo nessa hora.

Um comentário:

Beth Blue disse...

compreendo perfeitamente seu desabafo ...eu também custo a digerir as decepções e desilusões da vida mas a vida não pára pra esperar a gente!!! então temos de seguir em frente sempre, com algumas cicatrizes visíveis e outras nem tanto.