quarta-feira, abril 11, 2007

Nem oito, nem oitenta...

Tem dias que sou 8...

É quando acordo mal humorada, me sentindo menos gostosa, e assim, abandono todos os hábitos de que preciso para me sentir bem. Não passo hidratante no corpo por preguiça. Ignoro o filtro solar e o chapéu. Como muito e mal, causando desconforto profundo no meu estômago - que reclama fazendo barulhos horrorosos e indiscretos.

Deixo de estudar o que preciso, para dar vazão à minha carreira. Tenho dificuldade para acordar cedo e encarar um dia pesado no meu trabalho, que, afinal, é onde eu extravaso meus sentimentos e afasto meus fantasmas ocupando minha mente. O trabalho é o alimento da minha alma, já que através dele, conquistei minha independência: financeira e emocional.

Assisto TV, sem sequer prestar atenção no que está passando na tela. Ao mesmo tempo, coloco um cd para ouvir ( sem ouvir absolutamente nada), e abro um livro enquanto belisco algum biscoito. Deixo de aproveitar os momentos preciosos de solidão que tenho a cada dia, sem fazer nada de útil. Não consigo me concentrar em nada do que gostaria. Inconscientemente.

Gasto o que tenho sem planejamento ou poupança, alimentando minhas vontades momentâneas, incompatíveis com alguns planos de vida pro futuro que almejo. Me maltrato de um jeito silencioso - e obviamente, mais doloroso do que qualquer outro poderia ser.

Tem dias em que sou 80.

E vivo cada detalhe dos hábitos mais simples que adquiri e dos mais prazerosos. Acordo muito cedo, extremamente bem disposta e sigo para a academia. Tomo um café da manhã especial, com direito a tudo o que me faz sentir mais bonita, mais leve e de consciência tranquila.

Passo quarenta minutos dentro da banheira, sob a água morna que acaricia meu corpo, para, em seguida, esfoliar minha pele dentro do chuveiro e me lambuzar com aquele óleo de banho especial.

Consigo estudar o suficiente para dar andamento a projetos que trazem felicidade instântanea. Trabalho com tranqüilidade, concentradíssima nas melhores estratégias e mostro efetivamente o meu valor. Divido em etapas o meu tempo livre, para aproveitar cada minuto de um jeito gostoso, fazendo de cada dia uma celebração única da vida. Procrastinação? Quando sou 80, nem sei o que significa isso.

Gasto pouco ou quase nada, porque não preciso de compensações materiais. Não sinto a menor vontade de ir ao shopping. Me trato com afeto singular - e isso é mais do que perfeito.

Tem dias em que eu acordo assim, com uma grande consciência da minha inconstância. Peixes com ascendente em Gêmeos... Dizem que é por causa dos astros, mas confesso que desconheço.

Me perco e me envolvo nos meus pensamentos, quebrando a cabeça. Busco encontrar um jeito de ser aquela mulher de 30 anos, que consegue viver na zona segura entre o 8 e o 80, em algum lugar ali, pertinho dos 44 minutos do segundo tempo...

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