terça-feira, janeiro 16, 2007

Melancia no pescoço!

Dizem que algumas pessoas simplesmente "acontecem" porque têm estrela, ou porque estão no lugar certo e na hora certa, além do famoso e habitual QI - o Quem Indica...

Me pediram para participar de um processo de seleção e entrevista com alguns candidatos à uma vaga de estagiário. Vi de tudo um pouco... Uma das meninas, me deixou intrigada porque conseguiu, do início ao fim, do "boa tarde" ao "muito obrigada", se queimar por completo, portando-se de forma antipática e grosseira, não conseguia responder às perguntas formuladas e, obviamente, inflando no grupo que estava participando da dinâmica e concorrendo à vaga, o desejo ardente de vê-la pelas costas. Chata. Muito chata, coitada.

Será que, naquele momento, ela tinha consciência que se auto-sabotava? Talvez não. Talvez, por força do nervosismo, não demonstrou o que tinha de melhor. Talvez, por timidez, não se mostrou natural e espontânea como de costume. Talvez nem seja espontânea.

Será que percebemos quando estamos nos sabotando? Às vezes sim. Muitas vezes depois do leite derramado. Com o semancol ligado, com sensibilidade e astúcia, conseguimos enxergar que não demonstramos, em algumas situações que a vida nos impõe, o nosso melhor. Então já era? Nada disso. Torcer por melhor desempenho numa próxima oportunidade é o que nos resta. Respirar fundo. Paciência. Sabedoria. Trabalho árduo para alguns e muito simples para outros.

Tem momentos e situações que simplesmente não é notório que não agradamos. Não aproveitamos a chance que a vida nos deu de aparecer. Aparecer no sentido bom da palavra. Não enxergamos quando é o momento porque estamos cegos e ocupados demais em... " Aparecer". O mundo nos assistindo e nós lá, cheios demais, egoístas demais, egocêntricos demais, vaidosos demais, concentrados em nossos monólogos demais -Nos sabotamos. E tem muita gente querendo aparecer mais do que os outros. Enfim...

E isso não ocorre apenas em processos seletivos para um emprego... Acontece nos programas da televisão; Na roda de amigos; No bate-papo com o marido no café da manhã, ou na conversa do final do dia; É no almoço com a melhor amiga. É no bate-papo na internet. Cada interlocutor deveria ser encarado como uma público maravilhoso que merece ser ouvido, e dar mais atenção ao que diz, construindo frases com oxigênio e inteligentes. Em vez de interagir, falamos sozinhos ininterruptamente. Em vez de conquistar a platéia, é repulsa o que se desperta. Em vez de brilhar, passamos opacos, despercebidos e sem perceber nada. E lá se foi a chance. Já foi. Passou. Assim, que nem ônibus que não pára no ponto. E se lamenta. A única palavra que me ocorre como antídoto para este mal é humildade. Em qualquer relação, seja profissional, pessoal ou outro al, etc e tal...

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