sexta-feira, janeiro 26, 2007

A minha mesa ou a sua?

Para mim, se tem alguma coisa na vida que facilita o entendimento de muitas coisas ditas é a metáfora. Pode ser em casa, no trabalho, passando pela mesa de chopp no happy hour com os amigos, todos usam metáforas para expressar alguma idéia. Pois bem. A minha predileta é a de que a vida da gente funciona como uma mesa.

A vida da gente também é sustentada por quatro pés que são a família, o trabalho, os amigos, e, é claro, alguém pra chamar de "seu". Seu namorado, seu marido, seu companheiro, seu affair, enfim, "seu", mas peralá, não vamos trair nosso bom-senso e confundir o simples emprego desse pronome possessivo com sentimento de posse. Isso é uma outra história. Para outro dia...

Quando todos esses núcleos de relacionamento vão bem, a gente dorme e acorda sorrindo, tudo corre bem, afinal, como dizia Voltaire, "tudo de bom ocorre às pessoas com disposição alegre". Nossa mesa está de pé. Pelo menos a minha fica de pé quando tudo está fluindo bem em todos os "setores" já ditos.

Mas façamos uma experiência: se tirarmos uma das quatro pernas de uma mesa, é possível que ela permaneça de pé, mas vai ficar meio bamba ou não vai? Com a gente me parece que também é assim. O nosso equilíbrio emocional só se verifica quando, pelo menos, três dos quatro pés da nossa mesa se mostram firmes, bem resolvidos. Quando nossa mesa fica equilibrada.

Se o problema é em casa, você pega o telefone, liga pro melhor amigo para uma sessão divã, mergulha no trabalho pra não pensar, se aninha nos braços do "seu" à noite e esquece o problema naquele momento, até que tudo se resolva. Você ainda está de pé.

Se o problema é com um amigo, você volta pra casa se sentindo meio mal e, até resolver o "pobrema", se aconselha com sua mãe que tem alguns anos de experiência na sua frente, mergulha no trabalho pra não pensar e porque tem prazo pra cumprir, se aninha nos braços do "seu" à noite e se promete pensar numa solução para o desentendimento. Você ainda está de pé.

Se o problema é no trabalho, conversa com seus pais, com seus tios, que já tiveram problemas assim e foram bem sucedidos, toma um chopp com ninguém mais, ninguém menos, que seus amigos e coloca o problema na pauta para debate, conversa com o "seu" e depois nos braços dele se aninha. Confortada com o apoio da família, dos amigos e do "seu", você acorda no dia seguinte com a pilha renovada pra resolver o problema no emprego ou buscar outro, se for o caso. Você ainda está de pé.

Se o problema é com o "seu" (seu namorado, seu marido, aquele em quem você se aninha ou vice versa), tudo bem, você vai acordar com um aperto no peito, que jeito tem? Mas liga pra sua melhor amiga, troca aquela idéia. Juntas vocês verão quem foi que vacilou primeiro e tudo já começa a clarear. Mergulha no trabalho pra não pensar, pra cumprir o prazo e pra ganhar dinheiro, afinal, você tem que pagar aquele par de sapatos ma-ra-vi-lho-sos que acabou comprando na loja ao lado do restaurante em que foi almoçar com os colegas do escritório. Chega em casa, dá um beijo no seu pai, na sua mãe, no seu irmão, no seu cachorro, na sua vó, que família animada! E sente-se fortalecida para ligar para o "seu" e pedir desculpas ou escutar as desculpas dele.

Tente, de uma só vez, quebrar duas pernas de uma mesa: alguma dúvida de que ela vai ao chão? Agora, tente se imaginar tendo problemas, no mesmo dia, com duas ou três dessas pernas da sua vida: a sensação não é outra que não a de ir ao chão? Mas ainda bem que do chão não passa. Ufa!

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