quarta-feira, janeiro 17, 2007

Vou dar a volta no mundo, eu vou...

... Vou ver o mundo girar...

Dizem que a vida dá voltas, voltas e mais voltas. Que numa dessas voltas, tudo pode mudar. Procede. Mas tem voltas que vêm e parecem não mudar nada: É a volta do que já aconteceu. É a moda que volta, são comportamentos que voltam, são regimes de governo que se alternam. Atualmente, o que está de volta é tudo o que diz respeito aos anos 80, claro, nas suas devidas proporções...

Minha mãe, nos anos setenta, só tinha batas em seu armário. Vejo as fotos daquela década, e me impressiono com o biquini igual ao meu ( mais de trinta anos depois), como somos parecidas e como o que é bom retorna com força total. Ela também as tem, deliciando-se no revival hippie, tão em evidência nos dias de hoje. As calças bocas de sino também voltaram (e já sumiram para voltar mais tarde - quem sabe?). Outros tantos modelitos vão e vêm.. Calças leggings, saias balonées, entre tantas outras coisas horrorosas, revelando alguma falta de criatividade dos estilistas nossos de cada dia. E então eles respondem: não é cópia, é uma releitura. Será? Estamos no período da SP Fashion Week, e se folhearmos as revistas da década de 80, veremos fotos praticamente iguais às dos desfiles atuais.

Algumas pessoas comentam que essa história de que a vida é um moinho é tão verdadeira que até a ditadura militar, em breve, volta, pois seria típico da instauração dos regimes totalitaristas o forte desejo de impôr ordem no galinheiro. Regimes ditatoriais sempre seriam precedidos de um certo caos generalizado. O exército já esteve nas ruas do RJ nas semanas que se passaram... Mas o caminho tomado pelo país depois de 1988, com a promulgação da constituição e seu modelo democrático, preferimos acreditar, é caminho sem volta. Sem volta para o mal. Em frente para o que vier.

E as pessoas que decidem voltar prás nossas vidas, de uma hora para outra? Aff, isso me assusta!

Eu era muito pequena quando a Elis Regina cantava "...ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais". Gosto muito dessa música e me emociono quando escuto. Sempre conversei com meus primos e amigos a respeito, e acredito que somos espécies lapidadas dos nossos pais - diamantes brutos. Não repetimos seus atos, seus vícios, seus preconceitos e seus erros. Nada disso! Optamos por erros novos. Erros nossos. Que podem ser até os mesmos erros cometidos por quem nos criou, mas com uma releitura mais atual. E não só os erros e acertos das novas gerações vêm com novas roupagens. Se compararmos as batas dos anos setenta, as que minha mãe usava, com as de hoje, perceberemos que há algo de novo no corte. Assim como nós. Assim como o resto do mundo.

Os dias atuais podem até ensaiar repetecos do passado, deixando a sensação de dèjá vu, mas atenção: É outro talho. Só por ser outro momento, já é diferente. Que assim seja!

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